domingo, 11 de maio de 2008

Google-me.

Deu na Folha de São Paulo, 11 de maio: "Caça de xarás passou por três continentes". Jim Killeen, 40, ex-ator norte americano, jogou seu nome na barra de pesquisa do Google para ver o que é que dava. Além dele, descobriu 24 homônimos na web. Curioso por saber quem eram aqueles Jim Killeens, conseguiu apenas seis depoimentos deles para o documentário "Google me: the movie", dentre os quais, um que tem atração por transexuais e outro que é padre, mas contrário ao Papa quando o assunto é homossexualidade.

Você já fez "autosurfing" ou se "autogooglou"? Eu já fiz um "ego trip" deste algumas vezes para pesquisar um artigo meu, o qual tinha perdido o original, mas ciente de que estava publicado em algum site. Encontrado, gravado e impresso, não voltei mais a esta aventura.


Agora, vi-me estimulado a brincar com essa ferramenta extraordinária para fuçar homônimos e talvez descobrir o que eles fazem. Esta prática, segundo especialistas consultados pela reportagem, não deve ser vista como egocentrismo, mas como prevenção, por exemplo, na hora de procurar emprego. Algumas agências eventualmente rastreiam o nome do candidato para saber de sua passagem pela Web. Algo desabonador comentado por ele ou sobre ele, já acende o sinal amarelo. Cuidado com as comunidades do Orkut das quais vocês participam, coisas como "Falo mal de meu patrão!", "A mulher de meu patrão é gostosa!", "Adoro sair cedo do trabalho!", "Pra não ir ao trabalho, dou desculpa esfarrapada" etc.


Em pesquisa rápida, que durou apenas 0,22 segundos, descobri pela palavra Marielson aproximadamente 2.870 exibições. Haja gente, mas nem se compara à Maria (333 milhões, em 0,14 segundos).


Desses xarás, tem um jogador do ASA (Arapiraca, AL), um poeta (identificado como "um homem cheio de sabedoria), um árbitro de futebol de Vitória da Conquista (segundo Silvio Mendes, radialista, é a revelação no Campeonato Baiano-2008), um candidato a vereador em Ingá, PB (só teve 55 votos nas eleições de 2004) e um negociante de automóveis em Bento Gonçalves, RS. Já Marielson Carvalho, 133 exibições em 0,11 segundos, apenas um não sou eu. Trata-se de Marielson Carvalho da Costa, que consta de uma lista geral de concurso público do Banco do Brasil.

E o que dizer de Marielson de Carvalho Bispo da Silva? Em 13 exibições, 0,04 segundos de procura, não tem outro, somente eu.

É uma sensação estranha de satisfação por não ter ninguém igual a você (obviamente que nunca existirá) e também de frustração por não ter ninguém com quem não se possa comparar personalidades e comportamentos (mas não sei se seria proveitoso).

Eu conheço pessoalmente um Marielson. Confesso que procurei nele, tal qual um espelho, algumas semelhanças, no que de pronto, pelo menos fisicamente, só tinha diferenças. Não criamos laços de amizade, embora tenhamos trocado telefones para no dia de meu aniversário e no dele nos parabenizarmos. O que nunca ocorreu. Lá se vão três anos. Na última vez, quando nos vimos, parecíamos que estávamos saudosos um do outro, pois nos abraçávamos toda hora. Reagimos ao mesmo tempo, sem um milésimo de segundo a mais ou a menos, ao chamado de um amigo comum, que havia nos apresentado. Como ele queria falar conosco, nada mais prático do que chamar por um nome só. O "Oi, Maurício" saiu numa só voz. Gargalhada geral.

sábado, 10 de maio de 2008

A voz de Fabiana Cozza - Parte I

Fabiana Cozza, após evento lítero-musical em São Paulo.
Olha minha cara de novo fã!


Muitos intérpretes brasileiros deleitam meus ouvidos com suas vozes. Dão voz à voz de meus pensamentos. Neste elenco, as mulheres reinam absolutas.

Variados são os tons, os estilos e as perfomances dessas cantoras, a quem aplaudo de pé e entusiasticamente. Cássia Eller, Maria Bethânia, Ana Carolina, Jussara Silveira, Vanessa da Mata, Nana Caymmi, Rosa Passos, Quarteto em Cy, Clara Nunes, Elza Soares, Simone, Gal Costa, Olívia Hime...

A lista é extensa e a todo instante cresce tão logo eu seja fisgado por uma voz desconhecida, ou até já conhecida, mas ainda não ouvida com sensibilidade devida.Basta uma confluência de forças positivas, o acaso se assim quiserem, para que o encontro seja impactante a meus sentidos.

É assim que explico o que aconteceu quando, ano passado, numa noite de sábado paulistana (depois de uma tarde agitada e, por conta disto, um pouco cansativa) fui a um evento lítero-musical, convidado por meu amigo Suênio Campos.

Marcelino Freire leria trechos de seu livro "Contos negreiros" e Fabiana Cozza interpretaria entre, uma leitura e outra, músicas com temática afro-brasileira. Embora o palco do auditório fosse pequeno, ele não apequenou a voz possante de Fabiana. Fiquei impactado. E encantado. E irritado comigo mesmo por não tê-la conhecido antes. Onde tinha metido esses ouvidos?

Fabiana Cozza é paulistana, filha de um negro com uma descendente de italianos. Negra-mestiça, afro-ítalo-brasileira. Essa presença negra está na perfomance da cantora. Voz, postura de cena e repertório. E olha que eu ainda não tinha ouvido seu cd de estréia, "O Samba é Meu Dom" (2004), e o que ela acabara de gravar, "Quando o Céu Clarear" (2007). O título de seu primeiro trabalho já nos mostra, sem blackface, o que eu disse anteriormente sobre sua identidade negra. O dom de sambar de Fabiana Cozza pode ser aqui entendido por duas vias de sentido. Fabiana recebeu de orixás, inquices e vodus essa musicalidade africana, como se fosse uma graça, uma dádiva dos deuses. Fabiana recebeu de seu pai, sambista, essa herança cultural, como se fosse a continuação de uma linhagem ancestral. Fabiana não poderia deixar de ser o que é: talentosa em cantar sambas.

Por todo cd, a cantora desfila leve e segura, como estivesse numa passarela ou roda de samba. A começar por O samba é meu dom (Walter das Neves e Paulo César Pinheiro), uma homenagem aos grandes mestres do samba (Mario Reis, Jamelão, Sinhô e Donga, por exemplo) no melhor estilo partido-alto, passando por Lavandêra (Rui Morais e Silva), com arranjos de samba-de-roda, Luzes (Josias Damasceno e Mário Mamana) e Verniz (Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro), ambas com forte acento samba-canção, chegando a Acima de tudo mulher (Washington), samba-enredo da Camisa Verde e Branco de 1979, que Fabiana canta com seu pai, Oswaldo dos Santos, ex-puxador da escola de samba paulista.

O projeto gráfico simples acompanha o desenho sonoro que a cantora traçou para sua estréia: elementar e sutil, mas exuberante pela qualidade vocal e artística. A foto de capa do encarte traz uma Fabiana envolta por guias, colares e pulseiras coloridas. Protegida de corpo e alma para uma caminhada que, como já era sabido, não ficaria apenas neste trabalho.

Quando o céu clareou, ela brilhou de novo no cenário musical brasileiro. E muito mais protegida. Em seu segundo cd, tem Iemanjá, Nanã, Ogum, Oxum, Xangô e Ossaim. Pra que melhor? Sobre "Quando o Céu Clarear", comento brevemente em outro post. Até lá.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Brincadeira de Criança - conto

uma história sobre o amor de crianças


Fez sol naquela manhã de domingo. Acordei cedo para brincar com meus amigos na praça: era tempo de gude. Durante a semana, minha mãe não permitia que eu saísse, tinha de estudar para recuperar as boas notas das primeiras unidades. Só pensa em gude, o Dinho, não quer saber de mais nada, vive com esse saco cheio de bolinhas pra lá e pra cá, dizia sempre minha mãe. Nem tomei café direito. Do outro lado da rua, Toni já me esperava. E quando se junta com o filho do novo morador, a coisa dana mesmo, completava ela.

Por alguns segundos, esqueci a ansiedade de sair para vê-lo da cortina entreaberta contando suas bolas de gude. Era quem tinha mais variedade de cores e tamanhos. Chegou ao bairro fazia dois meses, e já era bastante conhecido entre os garotos. Seus pais não gostavam de aproximações, mas não impediam que Toni fizesse amizade. Nunca gostei da situação de ser o caçula de quatro irmãos. Além de minha mãe monitorar meus passos, o irmão mais velho também tomava para si os cuidados do pimpolho da casa. Toni tinha mais liberdade. Dinhôôôô, ele me chama. Tão logo apareci na varanda, ele se levantou e saiu correndo. Disputamos o primeiro lugar nessa corrida por ruas e quarteirões até a praça. Ao passarmos pela ponte sobre o riacho, Lando nos pára. Era mais velho do que nós uns cinco anos. Toni e eu tínhamos a mesma idade, dez. Pedágio, disse Lando. Vá pedir pra sua mãe, reagiu meu amigo, que ainda o empurrou para o lado. Eu não conseguia reagir daquela maneira às ameaças de Lando. Quando o via ao longe, pegava outro caminho. Mas com Toni não era assim, ele não tinha medo. Fale pro seu amiguinho que ele é novo no bairro, da próxima vez ponho ele na “cerquinha”, entendeu? Ele só não, vocês dois. Na verdade, eu não tinha medo de Lando, mas da “cerquinha”. Ele se juntava com mais três meninos, conhecidos como Metralhas para obrigar os meninos indefesos a transar com eles. Dois outros colegas meus já caíram nas mãos deles. Até hoje eles são motivo de chacota da turma. Durante um bom tempo, eles não saíram de casa com receio de serem mais uma vez abusados por Lando e Os Metralhas.

Quando eu e Toni completamos dezoito anos, já havíamos namorado muitas meninas, quase as mesmas. É que Toni era mais paquerador e bonito. Embora eu fosse mais alto que ele, o que chamava a atenção nele eram os olhos, uma mistura de verde e castanho claro que encantava as meninas, e a mim também. Depois de namorá-las, me perguntava se não queria também. E fazia todo o envolvimento entre mim e Vanessa, Dália, Fernanda, Gisa, Tereza... As mais belas do bairro. Desde quando o conheci, sempre quis lhe falar que o amava. Pensei no começo que fosse um amor-amigo, mas quando percebi que crescia em mim um outro Dinho, mais consciente de seu estar no mundo, tive a certeza de que desejava Toni. Quantas vezes busquei em atitudes e palavras suas, declarações que eu queria ouvir, como um “Te amo, Dinho”? Eram pistas falsas ou verdadeiras quando assistíamos a um filme no cinema e sua mão tocava de leve a minha perna? Ou quando brincávamos nus de golfinho na praia e ao passar entre minhas pernas tocava também de leve meu pênis?

Tínhamos medo de ousarmos. Até quando, eu não sei. A confirmação de que demoraríamos de resolver isso veio com a notícia de que ele seria pai. Conheceu uma garota numa festa e na mesma noite transaram, isso foi o suficiente para sua vida mudar completamente. Se eu fosse para festa, para a qual ele me convidou com insistência, talvez o impedisse de beber muito e fazer besteiras. Durante os nove meses em que esperava o filho, Toni se afastou de mim. Vergonha? Arrependimento? Parece que a aversão que ele tinha por Paula no começo, transformou-se em amor quando o filho nasceu. Mudou-se para outro bairro com os pais. De meu quarto, de onde eu sempre o observava sentado na calçada, me despedi dele. Quando fechou o portão, olhou por alguns segundos para meu quarto, talvez buscando uma lágrima minha de despedida. Será que ele sabia que o admirava escondido, de longe? A cortina não deixou que ele visse. Meu consolo foi relembrar os momentos em que passamos juntos, representados pelos objetos que marcaram nossa amizade. Abri um baú, onde guardava nossas relíquias. Foi ele mesmo quem sugeriu a preservação de nossa amizade em forma de um museu pessoal. Eu era o guardião, tinha a chave. Bolas de gude, pipas, estilingues, bonecos, figurinhas, gibis, piões, rodinhas de rolimã e algumas cartinhas que eu escrevi para ele, mas que não chegaram às suas mãos.

Criei também vínculos sentimentais com uma mulher, minha colega de faculdade. Diferentemente de Toni, planejamos ter um filho, mas só depois de casarmos. Procurei meu amigo para ser padrinho de meu filho, mas não o encontrei. Voltei ao bairro onde moramos, eu me mudei um ano depois, mas não obtive informações sobre ele. Quando Toni saiu, não deixou rastro. Minha mãe ficou muito triste por mim, dizia ela que isso não era amizade. Como é que desde pequeno andam juntos e depois sai assim e não diz pra onde vai? Vocês brigaram, meu filho? Eu não respondia, porque não tinha respostas a dar, talvez tivesse, mas ela não seria capaz de entender, nem o próprio Toni. Quando via meu filho brincar com seus colegas, me lembrava dos momentos em que passava ao lado de Toni. Mas as brincadeiras agora eram outras: videogame, surf, computador, shopping... Certa vez, tentei ensiná-lo a rodar o pião, mas não rendeu. Qualé, pai, isso é das antigas. Ainda mais quando virei avô. É pai, tô com a mina grávida aí, e quero uma força... Uma força vezes dois, porque vieram gêmeos.

Encontro de economistas em São Paulo. Lá pelas tantas, durante uma palestra chatérrima sobre debêntures e títulos públicos, saí do auditório para tomar um uísque no bar do hotel. A meu lado, conversando animadamente em um grupo de colegas, estava Toni. Se ele fingiu que não me viu, fingiu bem. Minha reação também foi essa, mas para não ficar nervoso e perder a concentração, meu coração já batia descompassado, bebi de um gole só a bebida, paguei sem pensar em troco e fugi para Avenida Paulista. Em meio ao passa-passa de gente, perdi o rumo e caí numa sauna gay. Longe de casa, tive mais coragem de ousar uma aventura. Um garoto moreno e bastante malhado foi meu companheiro naquelas horas de prazer. No dia seguinte, última sessão do congresso, foi impossível não me encontrar de novo com Toni. E no lugar mais impróprio: no toalete. Não estava caçando, mas depois de tanto tempo sem vê-lo e de ter guardado um desejo de também pegar em seu pênis, não tão de leve com na brincadeira da praia, tive vontade mesmo de ousar mais uma vez. Vontade que não é coragem. Abraços e sorrisos. Falamos de nossas famílias, carreiras (ele fez administração e eu, comércio exterior). Lembramos pouco, quase nada, de nossa infância e adolescência, uma estratégia que poderia ser melhor explorada, porque as imagens mais bonitas foram aquelas em que compartilhamos afetividades. Pensei: por que não voltamos àquele tempo? Trocamos telefones, endereços, mas não nos contatamos. Joguei seu cartão no baú e fingi que Toni estava perto de mim.

Aos 58 anos, o que se faz? Aposentar-se, cuidar mais da pressão arterial, caminhar todo dia na praia, passear com os netos... Se meu filho não curtiu as brincadeiras de criança, meus netos souberam aproveitar minhas novidades. Adoravam quando eu os pegava para um domingo no parque. Era tempo de pipa, e eu os ensinei a fazer suas próprias “arraias” e “periquitos”. As evoluções no ar eram espetaculares, passávamos horas olhando fixamente para o céu. Depois de alguns treinos, eles já estavam craques. Havia momentos em que me afastava e ficava observando os dois brincando juntos, como se fossem Dinho e Toni.

Lá se vão quase cinqüenta anos... Uma outra coisa que um idoso faz quando se aposenta: lembrar antes que a memória falhe. Lembrar, lembrar, lembrar... Ainda mais quando conta com a ajuda de um outro idoso que se senta a seu lado, num banco debaixo de uma mangueira, e vê também seu neto brincar.

- Será que eles sonham como nós sonhávamos naquele tempo?, pergunta-me Toni.

Sorri com lágrimas nos olhos, e respondi assim, com lágrimas nos olhos.

- Se forem felizes como nós éramos...

- A última vez que nos vimos foi naquele evento em São Paulo, perdi seu telefone... E você?

- Guardei no baú, lá estão nossos sonhos... Lembra-se das gudes coloridas que você me deu como presente de aniversário? Eram as suas preferidas, mesmo assim você me deu, estão todas lá. Uma certa vez meu filho abriu o baú, eu tinha esquecido aberto, e pegou o saco, jogando todas as bolinhas no chão... Fiquei nervoso, até bati nele, mas depois me arrependi, por isso ele nem quis mais saber de se aproximar daqueles brinquedos, mesmo com meu consentimento.

- Adoraria vê-los de novo, disse Toni.

- Antes de mostrar, eu esconderia algumas cartas que escrevi para você.

- Por quê? Que cartas?

Poderia até mostrar as mais singelas, contudo tem uma que não ousaria mesmo em revelar. Aconteceu de uma vez eu acordar de madrugada bastante suado, assustado. Havia sonhado com Toni me lambendo o corpo todo. Estávamos tomando banho juntos na casa dele depois de uma partida de futebol. Ele aproveitou que os pais não estavam em casa e me convidou para descansar e fazer um lanche. No chuveiro, ele me fez carícias, me lavou todo, beijou minha boca com gosto de sabonete e xampu... Foi o sonho mais excitante que eu tive com ele. Escrevi logo o que tinha acontecido para não esquecer, e enquanto eu lembrava do sonho, meu pênis continuava ereto. Na minha imaginação, ele ainda me lambia, e isso me fez gozar sem me masturbar. Foi gostoso.

- Hein, Dinho, por que não mostrar as cartas?

- Me lembro agora que no quintal lá de casa tinha uma mangueira, que em época de fruta-boa ficávamos a tarde toda chupando mangas...

- Olha aquele galho ali, está cheio, disse Toni. Pena que não podemos mais subir e ficarmos lá em cima.

- Pelo menos fizemos isso um dia; aquilo que ainda não fizemos é que devemos concretizar antes que não seja mais possível.

- Você não realizou todos os sonhos ainda?

- Se eu não o encontrasse hoje, talvez esquecesse o que sempre desejei fazer.

- O quê, amigo?

Vi meus netos se entrosando com o neto de Toni. Já tinham abandonado as pipas, agora brincavam de pega-pega pelo gramado do parque. Eles não sabiam, nem saberão, que durante anos entre aqueles dois velhos, um deles sempre amou o outro, e o outro sempre teve medo de aceitar esse amor. Mas agora, maduros e felizes, envolvidos por lembranças que os tornavam mais apaixonados, um beijo apenas, trêmulo, porém intenso, foi o supra-sumo dos sonhos que cada um viveu sozinho.