sábado, 7 de novembro de 2015

ALGODÃO



As moças de Jaguaribe, ele conhecia todas. Ganhava na voz e no violão.
Semana Santa de maré boa, aguardava na praia a rede cheia de João Valentão.
No Abaeté, a lavadeira fingia que não o via pelado com a batida na mão.
Em noite de lua cheia, dormia tarde esperando a sereia tocar seu coração.
Plácido como as nuvens de céu azul e as ondas verdes do mar, Caymmi é só canção.
Já o chamaram de Buda Nagô, Galã Rústico, o Colombo dos Balangandãs.
Mas a imagem dele que me encanta
É sua cabeça alva, de um alegre ancião.
Por isso mesmo, achei lindo quando lhe deram outro nome, simples assim, Algodão
A bênção, Caymmi. Mais 100 anos virão.