segunda-feira, 2 de novembro de 2009

EBEL


O mini-curso que ministrei em Seabra no XIII EBEL (Encontro Baiano de Estudantes de Letras) sobre a obra de Dorival Caymmi foi realizado a contento, embora a duração, de apenas quatro horas, tenha sido insuficiente para a abordagem do tema. É sempre recorrente o interesse em discutir o tema da baianidade, mais especificamente quando se trata de Caymmi, consagrado por suas canções que representam uma “idéia de Bahia” no imaginário cultural.

Minha pesquisa sobre o compositor, que faleceu ano passado, será publicada em livro em dezembro e lançada só depois de Carnaval. Como baiano que sou, sei que janeiro e fevereiro são meses de praticar o ócio criativo, aquele tipo de descanso que é necessário na lida de um professor para planejar um novo semestre de trabalho. E quando essa pausa combina com o período de outra pesquisa sobre música afro-baiana em andamento, o prazer é duplicado, porque assim como o vendedor de cerveja que brinca e ganha dinheiro atrás do trio-elétrico, eu estarei fazendo trabalho de campo nas festas populares.

Para a atividade no EBEL, apresentei uma proposta de reflexão sobre as referências simbólicas e materiais afrodescendentes em nove canções do compositor, divididas em três temáticas: personagens (João Valentão, A Preta do Acarajé e O que é que a baiana tem?), religiosidade (Oração de Mãe Menininha, Canto de Obá e Mãe Stella) e festividade (Afoxé, Festa de Rua e Dois de Fevereiro).

A participação dos estudantes no mini-curso foi interativa, embora prejudicada pela intensa programação do evento, que impossibilitou o rendimento melhor das discussões a partir das canções selecionadas. Fico grato pela participação de todos que, mesmo em pouco tempo, dialogaram bem com o propósito do encontro. Àqueles que desejarem mais informações sobre meus projetos, estudos e leituras na linha de Literatura e Cultura Afro-Brasileira, Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, Estudos Pós-Coloniais Africanos, Música Afro-Baiana e Literatura Baiana, além é claro de Dorival Caymmi, estou sempre a postos.

Agradeço a meu amigo Prof. Gildeci Leite pela recepção. Parabenizo-o pelo entusiasmo com que lida com a literatura no Campus XXIII, estimulando intelectualmente seus alunos com debates e pesquisa sobre a produção literária baiana, especialmente sobre Jorge Amado e Ildásio Tavares, que esteve presente com sua palavra afiada e bem-humorada sobre si mesmo e os outros.

Como orientador de pesquisa, dou nota 10 a meu bolsista Cleber Xavier, que foi elogiado pela comunicação "Edson Gomes: reggae e ativismo negro na Bahia", fruto de nossas discussões sobre música afro-baiana. Aos poucos, nasce um pesquisador de literatura e cultura. Resta apenas perder a timidez, mas até eu fui assim quando comecei. Avante!

A alegria dos jovens estudantes de Letras de diversas universidades da Bahia e de outros estados me deu fôlego para continuar sendo mestre e companheiro deles todos. Quando, na graduação, eu fui para eventos organizados por estudantes, via poucos professores meus da UFBA, só quando eram convidados especiais... Gosto de sentir o frescor da curiosidade intelectual deles ao participar das palestras, dos cursos, das oficinas... Isso me orgulha muito de ser um profissional das Letras.

Um comentário:

Najara Alves disse...

:( Fiquei triste elo fato do Minicurso a respeito de Caymmi ter duração de apenas quatro horas. Não é possível explorar esse maravilhoso baiano em tão pouco tempo, a obra dele é mto grande. Mas como sempre você sempre dá conta do recado..rsrsr Você eh maravilhoso!!!
Agora eu vou ficar só esperando o lançamento do seu livro e estou muito anciosa, pois tenho certeza que é muito bom.
Abraçosss \0/