segunda-feira, 25 de julho de 2011

Meu bairro


Panorâmica do Desterro, Pelourinho, Mouraria e Saúde
a partir da cobertura de meu prédio (Clique na imagem para ampliar)


A decadência de um bairro pode ser medida pelo grau de abandono dos poderes públicos. Os moradores começam a se mudar para outros lugares que correspondam a suas expectativas de retorno aos impostos pagos.

Mas quando toda uma cidade se vê abandonada, para onde ir?

A sensação e a certeza de que Governo e Prefeitura não assumem responsabilidades institucionais para dar uma boa qualidade de vida aos habitantes de Salvador nos deixam órfãos. A quem recorrer? Câmara Municipal, Ministério Público , Ouvidoria...

Assim mesmo, a demora na resolução do problema torna difícil, senão impossível, qualquer planejamento coletivo e individual em diversas áreas, como educação, saúde, segurança, emprego e cultura.

O Centro Antigo virou de novo, depois da reforma do Pelourinho, a cereja do bolo das futuras intervenções estruturais para a Copa do Mundo. Nazaré, onde eu moro, terá um fluxo de pessoas e carros intenso, extrapolando o limite de uma mobilidade fluida e tranquila neste período.

Muito me agrada andar pelas ruas de Nazaré, especialmente Campo da Pólvora, Desterro, Jardim Baiano, Saúde e Mouraria, localidades que são integradas pela Av. Joana Angélica, mas durante os dias úteis da semana, a população flutuante atinge três vezes mais o número de seus moradores, tornando quase insuportável o bem-estar de um bairro outrora calmo, charmoso e convidativo a um passeio.

A mendicância, o tráfico de drogas, a desordem no trânsito, a falta de limpeza das ruas, as calçadas esburacadas, o comércio informal, tudo isso colabora para a fuga de moradores antigos para outros bairros.

Nasci e morei por muito tempo na Cidade Baixa, que há 25 anos, quando me mudei, já estava em estágio avançado de abandono, especialmente em Roma. Há 15 anos, eu moro em Nazaré. Primeiramente, na Ladeira da Fonte Nova; depois, na Ladeira do Desterro.

Aprendi a conviver com a degradação social e arquitetônica desta área, mas com a esperança de que, independentemente das obras da Copa na Fonte Nova e no seu entorno, a população vai voltar de novo seus olhos ao Centro Antigo pelo simbólico motivo de que é aqui que a cidade mais se identifica.

Só em imaginar que isto pode ocorrer, já sinto prazer de morar aqui.

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