"não aponte o dedo/ para Benazir Butho/ seu puto/ ela está de luto/ pela morte do pai (...)// esse dedo em riste/ esse medo triste/ é você// Benazir resiste/ o olho que existe/ é o que vê" - Chico César
O fato de ela ter sido a primeira mulher a comandar um Estado islâmico, onde é comum as mulheres serem alijadas de postos de comando político e governamental, já a havia transformado uma personalidade representativa no mundo inteiro pela forma não-autoritária e pacífica como ascendia a um dos cargos mais importantes de seu país.
Após a execução por enforcamento de seu pai, ex-primeiro-ministro e presidente do maior partido do Paquistão, Benazir, aos 35 anos, tornou-se, pela primeira vez, premiê entre 1988 e 1990. E na segunda, entre 1993 e 1996.
Desde 1999, exilou-se voluntariamente em Londres e Dubai (Emirados Árabes) por conta de temores de ser executada e de ser julgada por inúmeros processos de improbidade administrativa. Em outubro deste ano, foi anistiada pelo presidente atual, o generalíssimo Pervez Musharraf, seu principal opositor, que autorizou o encerramento dos processos.
Tão logo retornou ao país, sofreu uma tentativa de assassinato, mas nem por isso desistiu de concorrer em eleições próximas para um possível terceiro mandato, mesmo em um ambiente político tenso e perigoso.
Mulher inteligente, elegante e culta, Benazir estudou Ciências Políticas em Harvard e Oxford. Ela fazia parte de uma mudança paulatina de valores surgida depois da Segunda Guerra Mundial, quando muitos governantes de países árabes almejavam entrar na comunidade internacional, mas que para tanto, era necessário modernizar-se, ou seja, adotar um modo de vida europeu, no qual, as mulheres passaram a ter papel emblemático na estrutura sócio-política dos novos estados.
Em aparições públicas, mesmo fora de seu país, Benazir não deixava de usar o véu que a identificava com sua tradição cultural e religiosa. Essa atitude afirmativa de identidade a tornava mais corajosa e independente, na medida em que assumia o encobrimento de sua cabeça menos por imposição e mais por escolha própria, assim como foi o seu casamento que, mesmo tendo sido um arranjo entre famílias, não se concretizaria sem a sua vontade. Talvez por ela ser a única herdeira do espólio político do pai, tenha lhe conferido esta abertura. Isso sem dúvida era uma afronta aos fundamentalistas talibãs, principais suspeitos de sua morte, justamente por serem contrários, principalmente, à abertura do país a alianças com outras nações, consideradas inimigas do Islã, como os Estados Unidos e a Inglaterra.
Paradoxalmente, são esses mesmos radicais ligados a al-Qaeda que garantem a sobrevivência política de Pervet, que por sua vez é apoiado pelos Estados Unidos. Notícias mais recentes dão conta de que os fundamentalistas de Bin Laden negam qualquer envolvimento com o atentado. Dizem que não matam mulheres (sic).
Partidários de Benazir afirmam que o governo tenta a todo instante justificar de que modo a ex-premiê morreu, em vez de descobrir quem foi o mentor do atentado, o que tem gerado manifestações e confrontos violentos em todo Paquistão.
Quem foi o puto que matou Benazir Bhutto? A motivação do crime sem dúvida foi política. Benazir era favorita para se tornar mais uma vez chefe de governo em eleições menos sujas e manipuladas, como a que confirmou mais uma vez na presidência o ditador Musharraf.
O "dedo (ou a arma) em riste" para Benazir foi de medo, de intolerância, de covardia. Mas até onde foi possível, Benazir resistiu. E o olho que viu seu assassinato, verá também a punição dos culpados. Eles existem, o olho e os culpados.
Chico César, em Aos vivos, primeiro trabalho deste antenadíssimo e criativo compositor paraibano, gravou uma canção que, na época, em 1995, já me chamava atenção para a mulher que dava título à letra. "Benazir" fala da ex-primeira-ministra paquistanesa, Benazir Bhutto, eleita democraticamente, mas destituída duas vezes do poder por presidentes golpistas, que acusavam-na de corrupção e nepotismo.
O fato de ela ter sido a primeira mulher a comandar um Estado islâmico, onde é comum as mulheres serem alijadas de postos de comando político e governamental, já a havia transformado uma personalidade representativa no mundo inteiro pela forma não-autoritária e pacífica como ascendia a um dos cargos mais importantes de seu país.
Após a execução por enforcamento de seu pai, ex-primeiro-ministro e presidente do maior partido do Paquistão, Benazir, aos 35 anos, tornou-se, pela primeira vez, premiê entre 1988 e 1990. E na segunda, entre 1993 e 1996.
Desde 1999, exilou-se voluntariamente em Londres e Dubai (Emirados Árabes) por conta de temores de ser executada e de ser julgada por inúmeros processos de improbidade administrativa. Em outubro deste ano, foi anistiada pelo presidente atual, o generalíssimo Pervez Musharraf, seu principal opositor, que autorizou o encerramento dos processos.
Tão logo retornou ao país, sofreu uma tentativa de assassinato, mas nem por isso desistiu de concorrer em eleições próximas para um possível terceiro mandato, mesmo em um ambiente político tenso e perigoso.
Mulher inteligente, elegante e culta, Benazir estudou Ciências Políticas em Harvard e Oxford. Ela fazia parte de uma mudança paulatina de valores surgida depois da Segunda Guerra Mundial, quando muitos governantes de países árabes almejavam entrar na comunidade internacional, mas que para tanto, era necessário modernizar-se, ou seja, adotar um modo de vida europeu, no qual, as mulheres passaram a ter papel emblemático na estrutura sócio-política dos novos estados.
Em aparições públicas, mesmo fora de seu país, Benazir não deixava de usar o véu que a identificava com sua tradição cultural e religiosa. Essa atitude afirmativa de identidade a tornava mais corajosa e independente, na medida em que assumia o encobrimento de sua cabeça menos por imposição e mais por escolha própria, assim como foi o seu casamento que, mesmo tendo sido um arranjo entre famílias, não se concretizaria sem a sua vontade. Talvez por ela ser a única herdeira do espólio político do pai, tenha lhe conferido esta abertura. Isso sem dúvida era uma afronta aos fundamentalistas talibãs, principais suspeitos de sua morte, justamente por serem contrários, principalmente, à abertura do país a alianças com outras nações, consideradas inimigas do Islã, como os Estados Unidos e a Inglaterra.
Paradoxalmente, são esses mesmos radicais ligados a al-Qaeda que garantem a sobrevivência política de Pervet, que por sua vez é apoiado pelos Estados Unidos. Notícias mais recentes dão conta de que os fundamentalistas de Bin Laden negam qualquer envolvimento com o atentado. Dizem que não matam mulheres (sic).
Partidários de Benazir afirmam que o governo tenta a todo instante justificar de que modo a ex-premiê morreu, em vez de descobrir quem foi o mentor do atentado, o que tem gerado manifestações e confrontos violentos em todo Paquistão.
Quem foi o puto que matou Benazir Bhutto? A motivação do crime sem dúvida foi política. Benazir era favorita para se tornar mais uma vez chefe de governo em eleições menos sujas e manipuladas, como a que confirmou mais uma vez na presidência o ditador Musharraf.
O "dedo (ou a arma) em riste" para Benazir foi de medo, de intolerância, de covardia. Mas até onde foi possível, Benazir resistiu. E o olho que viu seu assassinato, verá também a punição dos culpados. Eles existem, o olho e os culpados.
Um comentário:
Infelizmente muitos olhos preferem ver as palhaçadas das Britneys e Paris, que enxergar mulheres que fzem história. Tem muito puto no mundo!
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