terça-feira, 12 de junho de 2007

Record Nordeste



A Tv Itapoan, a primeira emissora de televisão da Bahia (1960), é também a primeira a ter uma "news room", a maior do Nordeste e a segunda da Record.

Mas antes de falar desta nova fase do Canal 5, quero ativar minhas lembranças desta emissora que, na adolescência, foi meu playground diário, pois estava tanto presente nas gravações de seus programas, quanto assistindo em casa a sua programação.

Na década de 80, depois de chegar da escola, preparava-me para pegar o ônibus Ribeira-Federação (neste tempo, eu morava na Cidade Baixa) e participar dos programas de auditório da Tv Itapoan, especialmente, os musicais. Pelo menos, três vezes por semana, fazia das minhas tardes de folga das atividades escolares em passeio ao auditório da Tv.

Assisti ao vivo, o início da axé-music e do samba-reggae nesses programas, pois eram um dos poucos a abrir as portas para cantores e bandas do novo gênero. Margarete Menezes, Sarajane, Banda Reflexus, Chiclete com Banana (ainda com Missinho), Daniela Mercury (ainda na Companhia Clic), Durval Lélis, Tatau...

Sem contar com as atrações nacionais, como o grupo Dominó, e as internacionais, como Menudo... Este dia foi especial, pois, como não pude assistir ao show na Fonte Nova e no Shopping Itaigara, consegui vê-los de graça, até mais de perto... Só não consegui pegar autógrafo.

É também desta fase, os programas de Mara Maravilha (antes de ser levada para o SBT), "Bozo" (a versão local era bem melhor do que a nacional) e de Tia Arilma, com o "Parquinho" e suas apresentadoras infantis, Patrícia Fofolete e Geysa...

Eu não sei quantas vezes participei de seus concursos de lambadas, quando este ritmo era a sensação do momento, com Beto Barbosa, Kaoma... Ah, meus verdes anos!

Depois foi a vez de "Ao Pé da Fogueira", o maior concurso de quadrilhas juninas do País. Eu participava de uma quadrilha que, todo ano, concorria o primeiro lugar, num período em que as emissoras locais investiam neste tipo de entretenimento televisivo.

A quadrilha que vencia no "Arraiá do Galo (Tv Aratu), "Forró do Sete" (Tv Bandeirantes) e "Ao Pé da Fogueira", estava quase certa de ganhar no "Arraiá da Capitá". E minha quadrilha conseguiu esta façanha.

Acompanho o "Balanço Geral" desde a época de Fernando José (depois eleito prefeito de Salvador) e de Guilherme Santos (depois eleito vereador). Hoje, Raimundo Varela está na bancada. Afora alguns desatinos verbais, faz um bom programa.

O jornalismo da emissora sempre foi uma escola para muitos jornalistas que hoje posam de "globais" de São Lázaro, como José Raimundo, Kátia Guzzo, Casemiro Neto... Seus telejornais sempre foram criativos, embora, houve um tempo, com recursos audiovisuais pouco modernos, em relação às de outras emissoras locais.

Na primeira fase após a aquisição da emissora pela Record, leia-se Igreja Universal do Reino de Deus, a Tv Itapoan perdeu um pouco a variedade de programas musicais e de auditório, inclusive as transmissões das festas populares de Salvador, como Festa de Iemanjá, Carnaval, Lavagem do Bonfim, para um número cada vez maior de horas para os programas evangélicos.

Com a reestruturação em nível nacional, a Record expandiu e atingiu a marca de vice-liderança na audiência do público brasileiro. Na área de jornalismo, a rede começou a investir a partir de São Paulo e Rio de Janeiro, num modelo de programa parecido com o da Globo, inclusive com a contratação de "ex-globais". Tática de guerra que vem dando certo, embora já esteja encontrando um perfil próprio de produção.

A inauguração, na Tv Itapoan, da sala de notícias da Record Nordeste, é uma tentativa de fazer o que a Globo já tinha feito nos anos 70, quando expandiu, além-Jardim Botânico, seus tentáculos de rede, criando a Globo Nordeste em Recife.

É possível que esta estratégia frutifique bem, haja vista, em termos locais, é um abalo na hegemonia da Rede Bahia de Televisão, a maior do Norte e Nordeste, além de ser um bom início para que mais reportagens especiais produzidas aqui sejam assistidas com freqüência nos telejornais da Record.

É mostrar que os jornalistas baianos também sabem fazer televisão nacional. E com sotaque, para não perder a identidade.



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